quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Honduras: A Democracia Grita por Socorro

Por Robson Leite (*)

A semana iniciou-se com as atenções voltadas para Honduras. É lá, naquele pequenino país latino-americano, que se desenrola um episódio dramático: derrubado por um golpe militar com o apoio da burguesia local, o presidente eleito, Manuel Zelaya, retornou ao país e encontra-se refugiado na embaixada brasileira.

Terceira economia mais pobre das Américas, Honduras vive hoje um processo muito conturbado. Desde o golpe contra Zelaya, em 28 de junho, a resistência das forças democráticas e movimentos sociais se choca diariamente com a repressão da junta golpista. O uso da força e o desprezo pelos direitos humanos são flagrantes. São várias as denúncias de tortura e de violência desproporcional. Só nesses últimos dois dias já morreram duas pessoas assassinadas pela polícia. Além disso, o cerco à embaixada brasileira inclui os cortes de luz, água e suprimentos na casa.
Neste contexto, é preciso destacar dois aspectos fundamentais. O primeiro é justamente a utilização de Honduras como “balão de ensaio” para novos ataques à democracia na América Latina. E o segundo é justamente a postura da diplomacia brasileira e do governo Lula, apesar da cobertura no mínimo negligente da “grande” imprensa brasileira.

Nos últimos anos, assistimos a vitórias em série de forças progressistas no nosso continente. Esse processo é diretamente responsável pelo inédito aumento da inclusão social, pelo fortalecimento da participação popular e pela mudança do eixo de relação dos países – da subordinação aos interesses dos EUA para uma positiva integração da América Latina e dos países do hemisfério sul. Além disso, como o professor Emir Sader escreveu em seu mais recente livro, é na América Latina que hoje se desenvolve o principal foco de resistência e superação do neoliberalismo no mundo. O que, obviamente, desagrada às oligarquias e ao grande capital.

O golpe em Honduras, no momento em que o presidente convocava um plebiscito popular para aferir se a população desejava uma reforma constitucional, precisa ser compreendido nesse contexto. Se bem sucedido, servirá de combustível para um sem número de iniciativas golpistas visando à derrota e o retrocesso das experiências progressistas em nosso continente. Sua denúncia, portanto, é fundamental para a consolidação da democracia e dos direitos humanos.
É importante também salientarmos a postura do presidente Lula. Em todos os momentos, Lula denunciou o governo golpista de Honduras, defendeu a legitimidade do presidente eleito Zelaya e furou o cerco das notícias dos jornalões e TVs brasileiros, em geral simpáticos ao golpe e distorcendo as informações. A política externa brasileira atua de forma decisiva neste processo, construindo ações importantes. A utilização de nossa embaixada pelos 313 refugiados que acompanham o presidente Zelaya é uma demonstração de que o Brasil de fato não reconhece o governo golpista.

Enquanto isso, a mídia empresarial brasileira se limita a uma cobertura tendenciosa e hipócrita. Na impossibilidade de esconder a violência dos golpistas, desvia o foco para questões artificiais, como se o mais importante fosse saber se o Lula tinha ou não conhecimento da intenção de Zelaya de retornar ao país, e não o fato de que a maioria da população está mobilizada contra o golpe. O compromisso seletivo com a democracia virou a marca de um jornalismo panfletário e anti-esquerda, que ignora os fatos na construção das suas opiniões. A alternativa para buscarmos informações é a internet, onde podemos ver com fartura de detalhes a truculência dos golpistas, que inclusive usam estádios de futebol como prisão de manifestantes, assumindo semelhanças dramáticas com o golpe chileno comandado por Pinochet.

Aguardamos atentamente o desfecho da crise hondurenha, torcendo por um desenlace favorável à democracia e ao povo. Mais do que nunca, precisamos manifestar nossa solidariedade ao presidente Zelaya e apoiar as iniciativas do governo Lula, para que à sombra das ditaduras militares, apoiadas pelos setores reacionários da sociedade, que macularam profundamente a história do nosso continente, permaneça uma página suja de sangue nos livros, e não se tornem novamente uma cruel realidade.

(*) Robson Leite é Professor Universitário,
Professor de Cultura e Cidadania do PVNC,
escritor e assessor de movimentos populares.PT sempre 13!
Trabalho,Terra e Liberdade

5 comentários:

נחמיה יצחק disse...

O abrigo a Zelaya é o minimo de Direitos Humanos que não pode ser negado!Independente de sua posiçao politica se mais ou menos de esquerda ,pró Chavez ou a quem seja, pois seu governo em Honduras o foi Democratico com reais mudanças no campo e na mudança de salarios minimos(a concentraçao fundiaria é aviltante no pais,basta uma pesquisa.As medidas atingiram diretamente as multinacionais e os braços da United Fruit Co). E o que aconteceu foi um GOLPE! GOLPE DE ESTADO!

Sempre existirao os inconformados com a atuaçao da politica brasileira, tal como mais outro, o Sr Lampreia, da epoca do Sr Fernando Nunca mais presidente Henrique Cardoso

Ate no facebook os mais reacionarios criaram espaços de acusaçoes.Estive pesquisando .Curioso que quando a si requerem direitos humanos...

Quanto a criticas em desqualificar uma democracia de facto por 'alianças de A a Z' passando por Ahmadinejad, poderiamos citar qualquer naçao do mundo em distintas situaçoes e ora ou não recebendo 'apoio' de França a Irã. Respeito as mesmas criticas, mas devem ter ponderaçao ,pois, em inumeras situaçoes ,exemplo, dentro do proprio ishuv as vezes recebemos 'apoio' de individuos nescios e mesquinhos, falo do quadro politico nacional... Quantas vezes algum aproveitador sojeiro, alguns grandes exploradores de trabalhador es querem dar uma de bonzinho e aparecer em situaçoes anti isto, anti aquilo e por assim, contra antissemitismo, contra etc etc,mas por si, um apoio incoerente por suas demais atitudes.O que sempre interessa de fato é a urgencia da situaçao lá em Honduras e o golpe perpetrado, num achaque claro a democracia e ao minimo de respeitabilidade a direitos humanos.

Com humor que escrevo o email, do contrario se desejarem deixo maiores dados sobre...Zelaya e tão pró Irã quanto o Irã tem a ver com o a Revolta da Papua Nova Guiné .Nada!

Anónimo disse...

trascrevo o que uma sra postou no local errado

Emília Sandler disse...
Por acaso entrei nesse blog, mas considero suspeitíssimos os argumentos do tal professor universitário Roberto Leite do núcleo do PT defendendo a intromissão de Lula em Honduras.São dois pesos e duas medidas Que engraçado Lula só defende a "democracia" quando convém! Parece queo tal Roberto Leite não sabe que não são só os golpistas de Honduras que agem com "truculência" e metem suas vítimas em "estádios de futebol", não era só Pinochet que fazia isso, Saddan Hussein também fazia isso e o governo iraniano não só faz isso como faz pior: inforca em praça pública! Mas isso pode por que Lula é amiguinho de Ahmadinejad! Eu só me arrependo de uma coisa na vida: votei no Lula durante 20 anos! Emília Sandler - professora de História

9/27/2009 11:40 AM
Emília Sandler disse...
E mais: se Lula se preocupasse com direitos humanos já teria condenado esse tirano do Ahmadinejad que várias vezes negou o Holocausto e prometeu terminar aquilo que Hitler começou, e só lamentou que os judeus não estão todos juntos em Israel para a destruição ser mais fácil e total. E Lula defende esse louco tirano dizendo que o Irã tem direito de desenvolver usina nuclear! Muito maior que o cinismo da mídia empresarial, sr. Roberto Leite, é o cinismo de voces que botaram o mensalão prá debaixo do tapete, defendem a sujeirada do Sarney e todo o bando do Congresso e ainda botaram o PT lá em Teerã para aproximação com o partido iraniano tão sujo, tão podre, tão maquiavélico e tão nojento quanto o PT, o PSDB, o PMDB, etc...
Emília Sandler - professora de História - RS

Anónimo disse...

trascrevo o que uma sra postou no local errado

Emília Sandler disse...
Por acaso entrei nesse blog, mas considero suspeitíssimos os argumentos do tal professor universitário Roberto Leite do núcleo do PT defendendo a intromissão de Lula em Honduras.São dois pesos e duas medidas Que engraçado Lula só defende a "democracia" quando convém! Parece queo tal Roberto Leite não sabe que não são só os golpistas de Honduras que agem com "truculência" e metem suas vítimas em "estádios de futebol", não era só Pinochet que fazia isso, Saddan Hussein também fazia isso e o governo iraniano não só faz isso como faz pior: inforca em praça pública! Mas isso pode por que Lula é amiguinho de Ahmadinejad! Eu só me arrependo de uma coisa na vida: votei no Lula durante 20 anos! Emília Sandler - professora de História

9/27/2009 11:40 AM
Emília Sandler disse...
E mais: se Lula se preocupasse com direitos humanos já teria condenado esse tirano do Ahmadinejad que várias vezes negou o Holocausto e prometeu terminar aquilo que Hitler começou, e só lamentou que os judeus não estão todos juntos em Israel para a destruição ser mais fácil e total. E Lula defende esse louco tirano dizendo que o Irã tem direito de desenvolver usina nuclear! Muito maior que o cinismo da mídia empresarial, sr. Roberto Leite, é o cinismo de voces que botaram o mensalão prá debaixo do tapete, defendem a sujeirada do Sarney e todo o bando do Congresso e ainda botaram o PT lá em Teerã para aproximação com o partido iraniano tão sujo, tão podre, tão maquiavélico e tão nojento quanto o PT, o PSDB, o PMDB, etc...
Emília Sandler - professora de História - RS

Anónimo disse...

9/27/2009 11:54 AM
Ricardo disse...
O governo Lula é um horror, dos piores que o Brasil já teve. Surfou na estabilidade monetária que FHC implantou, nas políticas sociais que dona Ruth havia iniciado e numa situação internacional favorável para, com sorte, ter ventos favoráveis. Ainda assim, o Brasil cresceu menos do que a China e outros países emergentes, não aproveitou tudo o que podia naquela conjuntura. Ai chegou a crise, Lula subestimou-a, demorou para tomar medidas, apesar disso seguiu aumentando o gasto publico, quando deveria incrementar o ajuste fiscal, diminuir as despesas da administração, suspender ou cancelar os prometidos aumentos de salários dos funcionários públicos, suspender ou cancelar obras do Pac — em suma, reimpor a austeridade fiscal que FHC implantou.

O governo aparelha os cargos públicos, usa empresas estatais como a Petrobras para financiar projetos do PT e da CUT, acoberta a corrupção do PMDB para tê-lo como aliado nas eleições presidenciais de 2010, lança uma candidata sem experiência política, faz campanha em torno das realizações do governo.

O governo privilegia alianças com os países pobres — da América Latina e do Sul do mundo —, prefere ser líder dos atrasados, ao invés de privilegiar alianças com os países desenvolvidos. Faz concessões a países vizinhos como a Bolívia, a Venezuela, que desenvolvem políticas populistas, afetam nossos interesses, colocam em risco a democracia nesses países — como o que ocorre com a imprensa privada na Venezuela ou com os estados da meia lua na Bolívia.

Essas cantilenas ouvimos e lemos todos os dias nos jornais, rádios e televisões.Agora de uam respeitavel professora universitaria . Podem os argumentos mesmo parecer coerentes a alguns. Mas somente 6% da população, mesmo em tempos de crise econômica, apoia essas posições. Baixíssima produtividade dos que produzem e reproduzem essas cantilenas. 80% acham outra coisa, apesar de não dispor dos argumentos favoráveis, porque a imprensa não reproduz as razões das políticas governamentais.

O povo não está de acordo com afirmações que se insiste fazer passar como consensos nacionais, mas que correspondem aos interesses de setores minoritários do país, como as de que “gastar dinheiro com pobre não vale a pena”, de que “o Estado deve cobrar menos impostos”, “o governo deve ter menos participação na economia”, “o governo não deve contratar mais funcionários”, entre outras .

O povo se dá conta de que os gastos com políticas sociais favorecem a grande maioria, promovem a justiça social, um Brasil para todos. O povo percebe que a tributação significa colocar dinheiro nas mãos do Estado para fazer essas políticas, que buscam compensar as desigualdades e injustiças produzidas pelo mercado. O povo sabe que o Estado intervém na economia para promover o desenvolvimento econômico, para distribuir renda, para defender os interesses nacionais. O povo se dá conta de que os funcionários públicos contratados pelo governo são, em sua grande maioria, professores para as escolas públicas, médicos, enfermeiras, dentistas, para o serviço público de saúde, fiscais para controlar as normas de funcionamento da economia e da sociedade em geral, são pessoas para atender aos serviços que o Estado oferece à população.

São duas concepções de Brasil que se chocam cotidianamente na imprensa e o povo tem se decidido, por 80% a 6%, a favor de uma delas, a de um Brasil para todos e não apenas para alguns, como tinha sido ao longo de tanto tempo.

Anónimo disse...

Ricardo Abrãao Moreira

Agora quanto ao Irá, ate mesmo Rabin apertou a mão de Arafat.Confundir mera diplomacia de chefe de Estado com outra coisa e ignorancia,pois o mesmo Lula cancelou a primeira visita do 'parceiro iraniano',mas recebeu o xenofobo e racista Avigdor Liberman no Brasil.Ah professora nao ouse me chamar de antissemita ,sou judeu e estive em Israel e posso afirmar, o que falta para tornar o Lieberman um Ahmadinejad é ainda a existencia de uma sociedade israelense critica ,diferente dos muitos judeus de galut que tem esta mania de chamar o sindico.

passar bem

9/27/2009 12:21 PM
Ricardo disse...
ah...durante o Apartheid qual dos maiores aliados de Israel, a Africa do Sul.Por seu raciocinio brilhante entao tornaria todo o estado de Israel um governo facista,não?E esquecendo nos entao dos inumeros judeus la da Africa do Sul mesmo que lutaram contra o apartheid...


brihante metodo de raciocinio!