domingo, 10 de agosto de 2008

Entrevista ALESSANDRO MOLON 13-Para PREFEITO DO RIO




Alessandro Molon, Deputado Estadual ,Comissao de Direitos Humanos da Alerj .Candidato a Prefeito do Rio de Janeiro
GARRA E CORAGEM PARA MUDAR A POLITICA CARIOCA

QUEREMOS ALESSANDRO MOLON

PARA PREFEITO!!!
É 13 NELES!

O próximo dia 19 será um divisor de águas na campanha do petista Alessandro Molon. A tese é do próprio candidato à prefeitura, que deposita sua esperança de crescimento no horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Motivo: a associação do seu nome à popularidade do presidente Lula.E ao fato de uma vez mais a militância ter o prazer de estar nas ruas e certa de poder fazer uma campanha em que ela acredita.

Aos 36 anos, assegura que a inexperiência não será obstáculo para que faça uma boa gestão caso vença a disputa a Prefeitura do Rio. Na entrevista a seguir - a terceira da série de encontros do JB com os candidatos - Molon, embora tranqüilo, não deixou de fustigar adversários: lembrou ser um católico com voto dos evangélicos, disse que nunca defendeu milícias e que conta com o apoio de Jandira Feghali (PCdoB) no segundo turno.
Sobre a cidade, prometeu licitar o transporte por vans, desentupir as galerias pluviais responsáveis pelas línguas negras, investir no metrô até a Barra da Tijuca e ampliar a ação da Guarda Municipal, integrando-a com a PM para reduzir a violência
Entrevista:
Quantos anos o Sr. tem?
-36. Eu diria um jovem adulto preparado
A pouca idade pode ajudar?
- O que ajuda é ver que, neste pouco tempo, eu consegui realizar muita coisa, construir um mandato respeitado, uma trajetória séria, por não ser conhecido pela escola política de fulano ou de beltrano. Tenho uma trajetória séria, respeitada, correta. Tenho a política como vocação, de quem a escolhe a política para dar a contribuição de que a cidade e o Brasil precisam.
- Se experiência fosse garantia de qualidade, o Rio não estava no abandono que está. Ao mesmo tempo, aquele que não tinha experiência, que nunca teve um cargo executivo virou presidente do Brasil e faz hoje a economia crescer como não cresce há muito tempo. Acho que hoje a experiência mais tira ponto do que dá ponto, pelos exemplos que nós temos. O eleitor informado que refletiu. Se alguém apresentar na televisão que pode ser um bom prefeito por ter experiência administrativa vai se dar mal.
Que atributos o Sr. acha que o eleitor vai buscar em um candidato?
- Eu acho que a experiência não é um pré-requisito. De fato, o prefeito tem esse papel de gestor da cidade, de alguém capaz de compreender os problemas que a cidade vive, cuidar do dia-a-dia da população. A palavra síndico refere-se cuidar das pequenas coisas que fazem diferença na vida da gente. A cidade do Rio precisa de alguém que tenha coragem para mudar os velhos esquemas, os velhos problemas que a cidade tem. Esse exemplo do Carnaval precisa de alguém que tenha coragem para desfazer esse nó, para rever esse controle, precisa de alguém que seja capaz, que tenha ousadia para dizer: vou mudar, vou rever isso, vou construir um outro modelo, uma proposta diferente e depois tenha a liberdade de fazê-lo. A cidade está precisando disso. De alguém que diga não vou receber dinheiro de empresa de ônibus para poder licitar todas as linhas de ônibus.
Sobre Educação e Cotas de acesso a universidade...O Sr. é contra a aprovação automática, mas é a favor da cota?
- Sou a favor da cota como paliativo. A cota não é aprovação automática. Existe uma disputa entre um certo grupo de pessoas para preencher determinado número de vagas e elas têm que passar no vestibular e ao mesmo tempo conseguir...
Não é uma discriminação?
- Existe um termo em inglês que se chama discriminação positiva. Na verdade é uma discriminação para compensar uma outra discriminação anterior e muito maior que faz com que hoje a classe no Brasil tenha cor. Vamos falar de discriminação. Uma criança de dois anos que começa a estudar em creche particular de qualidade, vai chegar aos seis anos para fazer a classe de alfabetização de jeito incomparavelmente melhor do que uma criança que não tem creche hoje e pré-escola, que é a maioria das crianças do Rio de Janeiro. Então, essas duas crianças que chegam aos seis anos na classe de alfabetização, mesmo que a escola delas fosse igual, já não tiveram igualdade de oportunidade, mas a escola delas ainda é muito desigual. A escola pública onde essa criança pobre vai estudar é completamente diferente em que essa outra rica ou de classe média alta vai estudar. E aí como elas vão chegar no vestibular e dizer que agora é todo mundo igual. Como todo mundo igual, se elas nunca foram iguais.
O que o sr. acha dos Cieps do Brizola e da educação em tempo integral?
- As notas do Rio no Ideb estão muito aquém das suas possibilidades. Esse exame que o ministério da educação faz para conferir a qualidade do ensino mostra que o Rio está mau em relação a outras capitais e regiões metropolitanas - e poderia estar muito melhor
-Eu sou professor e fui professor do Colégio São Bento e da Escola Municipal George Pfisterer. O Colégio de São Bento que é o primeiro colégio do Brasil de tempo integral. Portanto, eu defendo como proposta, a educação em tempo integral. É isso que a gente vê na França por exemplo. A criança entre na escola às 7h e sai às 17h. Por isso, eu acho que a idéia dos Cieps é uma idéia muito boa, é uma idéia que precisa ser resgatada, valorizada, embora quem diga que vai implementar educação em tempo integral na cidade do Rio de Janeiro está mentindo. Defendo um projeto que caminha na direção da tempo integral, em que se celebram convênios com clubes, associações de moradores, cursos de inglês, cursos de informática para que os alunos do município que de manhã têm aula na escola, à tarde tenham, atividades esportivas, de línguas, de informática, complementares. Isso é possível? É possível. Isso já existe? Já existe. Belo Horizonte é um exemplo disso.
(para os professores é previso)formação continuada do profissional de educação. Os professores, por exemplo, saem das faculdades e não têm a oportunidade de voltar a estudar. Isso é um problema do município, qualificar a sua mão de obra. Isso é um problema do empregador, não é só o empregado que tem que correr atrás de curso, de ler, para estudar, é um problema do empregador se ele quer melhorar a qualidade do seu serviço. A educação também tem que pensar assim. A prefeitura tem que garantir formação continuada para os profissionais de educação para que eles possam oferecer um serviço cada vez melhor e isso não tem sido feito. outro ponto : aprovação automática. O prefeito impôs a aprovação automática como se fosse resolver os problemas da educação municipal. Foi uma lástima, feito da maneira errada, da forma errada, desestimulando os alunos.
O Sr.tem uma grande atuação na área de direitos humanos...
- É verdade. Essa preocupação com a segurança das pessoas, com a vida das pessoas, com o direito das pessoas é que faz com que nosso programa tenha como centro a idéia de construir, de fazer do Rio uma cidade segura para todos.
Com relação aos direitos humanos, há sempre um dilema, sobretudo na esquerda, até onde deve ir a necessidade do endurecimento do combate da segurança e uma política de respeito aos direitos humanos. Até onde se pode avançar nessa linha tênue que separa os direitos humanos e acaba protegendo excessivamente inocentes e bandidos e favorece bastante a criminalidade do Rio. Como o Sr. imagina que esta convivência pode se dar?
- Esta visão de que ou se tem direitos humanos, ou se tem segurança pública está superada e ultrapassada. Quem trabalha com segurança pública sabe que só vai haver segurança pública quando houver respeito aos direitos de todos. Só vai haver verdadeiro respeito aos direitos humanos, quando todos gozarem de segurança pública. Estas duas coisas são faces de uma mesma moeda. É isso que o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) lançada pelo ministro Tarso Genro. A idéia de segurança pública que este programa defende é a que eu defendo para a cidade do Rio de Janeiro: segurança com cidadania. Queremos fazer do Rio uma cidade segura para todos. Hoje o Rio é escuro. Quanto mais escuridão, mais crimes. Pesquisas do mundo inteiro mostram isso. O que nós temos que fazer? Trabalho integrado entre município, Estado e União.
Vamos instalar o gabinete de gestão integrada para fazer sentar à mesa governo federal, governo estadual e governo municipal. Vamos analisar que tipo de crime está acontecendo em que região da cidade e para cada região vamos adotar uma estratégia diferente. Tem que haver a verdadeira integração. Isso não existe. Hoje, a Guarda Municipal quando vai para as ruas e não sabe para onde está indo a PM, e a PM não sabe para onde vai a Guarda Municipal. No nosso governo, a missão clara da Guarda Municipal vai ser a proteção do cidadão. Batidas de carro sem lesão de corporal, sem que haja vítima, a Guarda Municipal pode celebrar um convênio com o Estado e fazer o registro de ocorrência. Isso libera a PM. As chamadas sociais, para o 190, barulho, volume alto do vizinho, a Guarda pode receber e liberar a PM. Vamos deixar que a polícia faça a repressão ao crime de maior potencial ofensivo, como lidar com criminosos armados, com tráfico de entorpecentes, com milícias.
Qual a opinião do Sr. sobre as milícias?
- A pior possível. Eu não sou daqueles que defendeu milícia, como alguns já o fizeram e são vários. São concorrentes meus. Eu nunca defendi que milícia fosse solução de segurança pública. Não é. O prefeito foi um dos que defendeu, chegou a criar o termo de autodefesa comunitária, chegou a elogiar, dizendo que a milícia era uma coisa positiva. Isso é lamentável porque a prefeitura poderia ter tomado medidas que impedissem as milícias de crescer. Não fez e, ao contrário, sinalizou apoio. As milícias cresceram e hoje são um problema grave.
repudiou as ações dos traficantes e milicianos que vêm criando dificuldades à campanha de alguns candidatos.
Minha luta na prefeitura será contra esses marginais e a favor das pessoas de bem. Não podemos aceitar que a última palavra seja do tráfico ou milicias . Nossa prefeitura estará comprometida com os moradores de bem e brigará para que isso não aconteça.

O que o Sr. faria?
- Primeiro a licitação do transporte complementar que para mim não é transporte alternativo, é transporte complementar. As linhas de transporte complementar vão ser todas licitadas na nossa prefeitura porque sabemos que parte dessas linhas é controlada por milícias. Milícia e tráfico, tão grave quanto.
Existe algum exemplo de onde isso foi feito?
- Claro, Belo Horizonte fez.São concessões públicas, concessões do Estado...- O Estado licita os ônibus intermunicipais. As vans circulatórias na cidade do Rio de Janeiro são municipais.
O empresário tem a garantia de que aquela linha vai ser explorada por ele. Se o Sr. relicita o transporte de van, o Sr. está furando o contrato com as empresas...
- Apenas duas linhas de ônibus são licitadas na cidade do Rio. Das mais de 400, duas são licitadas.
O que o Sr. vai fazer?
- Vou licitar todas e cumprir a lei. O que está acontecendo é que é ilegal. A regra prevista na Constituição Federal é a licitação do serviço público. Hoje o que acontece é uma aberração, bandalha. E por isso dissemos que não vamos aceitar doações de empresas de ônibus. Nem pessoa jurídica e nem pessoa física porque vamos ter a autonomia necessária para reorganizar a cidade. Quem aceita doação de empresa de ônibus, o que é proibido pela lei, mas aceita na pessoa física, aceita de maneiras ilegais fica na mão e depois não tem a autonomia e independência. Na cidade de Belo Horizonte, por exemplo, o transporte foi todo licitado.
Primeiro: gente que não vai para o Centro da cidade não deve passar pelo Centro da cidade. O Centro não deve ser um lugar de passagem. O planejamento do sistema de transporte vem junto com o novo plano diretor da cidade. As linhas que vão para o Centro são troncais e são alimentadas por linhas de bairros. Vamos supor: O Sujeito mora em Paciência. Não tem ônibus, por exemplo, de Paciência para o Centro da cidade. Vai ter ônibus de Paciência para Campo Grande e de Campo Grande vai sair uma linha troncal para o Centro. Integração completa. De que maneira? Com bilhete único. Não faz sentido ir de van de Campo Grande para o centro da cidade. Van não é transporte de massa. As vans devem fazer a ligação nas regiões onde não tem sentido ter ônibus. Isso que é transporte complementar e não alternativo. Temos que organizar a bilhetagem eletrônica. Isso também tem que ser licitado.
O metrô também depende de um acordo com o governo do Estado?
- Embora seja uma concessão estadual, o metrô só opera dentro da cidade do Rio de Janeiro. Na Barra da Tijuca, o que nós vamos fazer? Colaborar para levar a linha 4 até o Largo da Barra(...)
Já a Leopoldina é uma discussão com a SuperVia porque da mesma forma é uma concessão estadual. Sentar com a SuperVia e ver se há possibilidade de se recuperar.
Para isso precisa de muito dinheiro. A prefeitura tem esse dinheiro todo?
- A prefeitura não vai fazer isso sozinha.Essa é uma discussão que se arrasta há anos. Por que acha que não seguiu adiante depois desse tempo todo? Por falta de prioridade. A Cidade da Música custou R$ 500 milhões. Isso poderia ter sido empregado para levar a linha 4 até a Barra. Eu tenho certeza de que os moradores da Barra ficariam mais gratos ao prefeito se ele fizesse isso do que o que ele fez.
Mas tem recurso?
- Logicamente que não dá para fazer tudo de uma vez. A prefeitura não vai fazer tudo sozinha. A parceria vai ser fundamental. Nós vamos trabalhar em parceria não só com o presidente da República, que é do meu partido, portanto a ligação vai ser direta, mas também com o governador do Estado, o PT participa do governo estadual. Nosso governo não vai ser de disputa, vai ser colaboração. Não dá para discutir política habitacional separada da organização da malha de transporte. O problema da expansão das favelas está diretamente relacionado ao acesso ao transporte: custo e tempo. Portanto, quando você tem uma política habitacional que de fato leve as pessoas a desejarem a morar em um outro lugar melhor, em uma casa que vai ser sua. Tem que garantir políticas de transporte integradas com política habitacional.
Sobre o rigor da GM que até agride trabalhadores informais -camelos. Como o senhor pretende agir?
- É preciso distinguir e separar o camelô que vende produto artesanal, que vende algo fabricado por ele, do camelô que vende produto pirata. Essas coisas são completamente diferentes na minha opinião. Uma coisa é o comércio ambulante que prejudica o trânsito nas calçadas, que cria uma série de embaraços para vida da cidade; outra coisa é o comércio do produto pirata que não pode ser admitido. Isso é um problema do Estado. O governo estadual tem que resolver isso. Isso tem que ser enfrentado. Isso é um problema. Não se deve resolver pela fronteira, porque o produto pirata se faz aqui no Rio de Janeiro. Eu não estou falando do contrabando, estou falando da pirataria, isso é um problema sério. Outro problema é o comércio ambulante de alguma coisa que não é falsificada, não é mercadoria roubada, mas que cria transtornos para a vida da cidade. A proposta que nós temos é de mercados verticais, aproveitar prédios desocupados, por exemplo no centro, para que em prédios cedidos à prefeitura sejam organizados mercados verticais de comércio ambulante desses tipos de produto.
A regularização do comércio é positiva para todo mundo. Para o comerciante que passa a ter uma existência formal, legal, que passa a poder ter crédito por conta disso. Então nós vamos ter uma proposta de formalização, de organização desse comércio. Do comerciante que trabalha com produto legal, que não é ilegal, que não é pirataria. Por exemplo fabricação de bijuterias, isso não é ilegal, mas é informal. E nós vamos trazer para a formalidade. De que jeito? Construindo esses mercados verticais, dando acesso ao microcrédito. Essa formalização passa pelo microcrédito, por um convênio com o Sebrae para ensinar aos comerciantes a tratarem isso como negócio, a fazerem fluxo de caixa, plano de negócio, um modelo simples para microempresários, para trazer essa turma para a formalidade. Isso é bom para todo mundo. É bom para ele, é bom para a cidade e bom para quem quer transitar livremente no Centro.
Como evitar uma nova epidemia de dengue?
- Estendo a cobertura do Programa de Saúde da Família. Não tem como garantir saúde de qualidade para a população sem o PSF. É com esse programa que nós vamos passar atendimento, apoio, e, sobretudo atenção primária, atenção básica, prevenção à família e à casa das pessoas. Belo Horizonte é um exemplo disso. Niterói também, que não teve nenhum caso de morte. A justificativa do Cesar Maia é de que os agentes teriam medo de entrar nas comunidades aqui no Rio. Isso não é verdade.O modelo de saúde dele é um modelo hospitalar que não funciona. É o modelo do hospital que está sem remédio, que está sem médico. O prefeito sempre tem uma justificativa, sempre tem uma desculpa para dar. Mas não é por isso. Não tem porque não acredita nesse modelo. Não porque ele acha esse programa de saúde de esquerda.
A questão do saneamento básico. O Sr. tem um mapeamento das áreas do Rio em que vai ser necessária uma ação mais efetiva?
- São dois os critérios que vão presidir a nossa escolha das prioridades de saneamento básico: O primeiro é o das áreas com menor Índice de Desenvolvimento Humanos (IDH). Vamos focar nossas medidas emergenciais nos locais onde elas são mais necessárias. Tem acabar aqui no Rio essa história de o governo começar a agir onde o vereador da base do governo pede. Hoje em dia, o que preside os locais onde vai ter vila olímpica, posto de saúde, o programa A, B ou C? O pedido do vereador da área. Isso é clientelismo e tem que acabar. O que vai presidir a nossa escolha dos locais por onde nós vamos começar os nossos programas vão ser critérios científicos.
O Sr. vai desagradar sua base da Câmara?
- Eu prefiro agradar a população. Eu tenho um compromisso com a população. Já enfrentei muitas dificuldades na minha trajetória política por ter escolhido o lado certo e não me arrependo disso. Entre poder andar de cabeça erguida nas ruas e agradar alguns segmentos do setor político, eu prefiro ficar com a população que me colocou lá e com quem eu tenho que ter compromisso. Então, por exemplo, saneamento nós vamos começar pelo IDH menor e nas regiões que se adensaram aceleradamente nos últimos 30 anos. Barra e Jacarepaguá são regiões importantes porque se adensou muito rapidamente nos últimos tempos, sem a necessária cautela em termos de saneamento básico. Isso afeta, além da saúde das pessoas, um dos principais patrimônios do Rio de Janeiro pelo qual nós temos que zelar que é a natureza. As praias têm que estar limpas, despoluídas.
-A prefeitura vai assumir sua responsabilidade no saneamento da cidade. Vamos por exemplo discutir a despoluição das rede pluviais. Tem muito esgoto ligado irregularmente a rede de água pluvial e boa parte dessas línguas negras de praia tem a ver com isso. Isso é problema do município. Se o Rio de Janeiro fizer a sua parte e o Estado tiver habilidade de construir com os municípios que estão a margem da Baia de Guanabara o compromisso de despoluírem a Baia de Guanabara, ela pode se tornar o maior centro mundial de esportes náuticos, um grande centro de entretenimento de lazer, o rumo de crescimento da cidade vai mudar. A cidade que está crescendo para o Recreio e Barra da Tijuca pode voltar a crescer para dentro da região Leopoldina, para as margens da baía.
O sr. tem algum projeto para conter a favelização?
-O que a prefeitura tem que fazer são duas coisas. De um lado promover um projeto de urbanizar integrada de favelas, a exemplo do projeto Vila Viva em Belo Horizonte, que inspirou o PAC. Urbanização integrada. O Favela-Bairro ficou aquém do que poderia. O PAC vai muito além. O problema da tuberculose da Rocinha que é um taxa altíssima por que? Por falta de ventilação. Portanto nós vamos urbanização integrada, contenção imediata da expansão e estímulo à troca de uma casa na favela por uma habitação regular.
Além disso, vamos usar os mecanismo do estatuto da cidade para construção de habitação de interesse social, regularização fundiária, como previsto no estatuto da cidade e estimular que as pessoas optem por uma moradia em um prédio. Eu dei o exemplo do PAC, podemos pensar em outros programas habitacionais, mas como é o PAC? Programa de arrendamento residencial. A Caixa Econômica compra o terreno, constrói o prédio, a pessoa vai morar no apartamento de dois a três quartos e ela começa a pagar quando começa a morar R$ 400 por mês, por exemplo. O que equivale o preço de um barraco em diversas favelas do Rio de Janeiro.
- Nós temos 750 favelas. E 1,2 milhão de habitantes mais ou menos. Se você vira para um morador e diz você está pagando R$ 400 de aluguel nessa sua casinha. Vou te oferecer um apartamento de dois quartos onde você vai pagar a mesma coisa que paga por este aluguel ou um pouco menos e daqui a 20 anos esse apartamento é seu. Você vai ter o título de propriedade.
Estamos vivendo um momento em que denúncias mostram o envolvimento de vereadores em práticas ilícitas. Como o Sr. pretende lidar com esse problema, ao mesmo tempo em que o prefeito também precisa da Câmara para governar?
- O PT aprendeu a governar com minoria. A experiência de Porto Alegre, por exemplo, mostra isso. Mesmo sem ter a maioria na Câmara que possa lutar pelo projeto político da prefeitura, é possível governar. De que maneira? Politizando a sociedade, organizando a sociedade. Eu acho que uma das melhores maneiras para se fazer isso é através do orçamento participativo. É importante para se construir a governabilidade de forma para dentro da Câmara, para que a população consiga defender suas propostas, as suas idéias, o que elas querem para o orçamento. Certamente isso serve para que elas também aprendam a cobrar dos vereadores uma postura compatível com o interessa da sociedade. A Câmara existe para atender a sociedade e não ao contrário. Ou Rio se organiza e toma para as suas mãos as rédeas do seu destino, começa a fazer alguma coisa agora para daqui a quatro, oito, 12, 16 ano estar melhor ou vamos viver mesmos problemas, mas agravados.
Minha pré-candidatura surgiu no início de 2007. Trabalhei durante um ano dentro do PT para viabilizá-la. Portanto nós trabalhamos para ter esse apoio, mas como não foi possível estamos com a campanha na rua, com a militância do PT que está animada, que está presente nos nossos eventos. Nós vamos trabalhar com paciência, gastar sola de sapato. Temos determinação, que é uma marca nossa, e, pouco a pouco, subiremos nas pesquisas, sobretudo a partir do início da propaganda gratuita na TV. Até lá, com eleitorado com 4,5 milhões de pessoas com corpo-a-corpo, é difícil subir nas pesquisas, é difícil tornar a campanha conhecida. Eu sou o candidato majoritário menos conhecido do grupo dos melhores partidos, qualquer instituto de pesquisa mostra isso. Portanto é com paciência, com determinação que a gente vai apresentar nosso nome para a sociedade e depois, quando vier a televisão, vamos massificar a candidatura(...)
O PT tem uma marca muito forte que é de crescer nas dificuldades. Quando as coisas parecem estar mais difíceis, aí é que o PT mais cresce. Por isso quem olha hoje para o quadro de intenção de votos nas pesquisas e acha que este quadro pode representar para gente um obstáculo insuperável, não conhece a fibra do PT. Crescemos nas dificuldades, mesmo as crises mais difíceis que o partido enfrentou, ele saiu renovado. E é por isso que eu sou hoje candidato do PT à prefeitura e não quero apenas defender que exista este processo de renovação, mas dar minha colaboração para construir este processo de inovação

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