sexta-feira, 17 de abril de 2009

O PED E AS ELEIÇÕES DE 2010 II

E cá um sonho de um dia ainda uma ‘chapa’ puro sangue do que é e seja a esquerda. Sem o partido das mil e uma facçõ... ops tendências, o PMDB. Mas há algum governo do qual eles não tomam presença?


As principais forças políticas que irão disputar o governo federal em 2010, com real capacidade de êxito, já estão postas e se travará entre dois projetos: de um lado, o projeto conservador representado pelos partidos de oposição PSDB, DEM e PPS e, do outro lado, as forças progressivas e de esquerda representadas pelo campo democrático-popular que dão sustentação ao governo Lula. No meio desses dois grandes projetos encontram-se, hoje, os Partidos que dão sustentação a esse Governo, destacando-se, entre eles, o PMDB. Esses partidos não possuem projetos de laçar candidaturas próprias à Presidência da República e irão se posicionar a favor de um dos dois projetos apresentados, dependendo da situação econômica e da conjuntura política do momento:

Se o Brasil mantiver sua resistência, como vem mantendo, a atual crise econômica mundial, mantendo os chamados fundamentos econômicos, que são os pilares dessa resistência: aumento real do salário mínimo; melhor distribuição de renda; crescimento do consumo interno; grande volume de reservas; diminuição da taxa Selic com a conseqüente diminuição da dívida pública; controle da inflação, câmbio flexível, crescimento econômico razoável e o Presidente Lula mantiver, em 2010, seu alto nível de popularidade atual, é bem provável que a base de apoio do Governo se manterá unida para as próximas eleições e a provável candidata Dilma Rousseff, que hoje parece ser quase consenso no interior do PT, terá amplas condições de ser eleita. Entretanto, mesmo com essas condições acima prevalecendo, é bem provável que o principal partido de apoio, o PMDB, não virá unido. Estados como São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal muito dificilmente montarão palanque com a Frente Democrática-Popular.

Evidentemente que outros partidos lançarão candidatos também à Presidência da República. À direita, surgirão, como em eleições anteriores, candidatos de pequenos partidos, sem projeção nacional que concorrerão sem nenhuma condição de almejar a vitória e serem eleitos. À esquerda, o Psol deverá lançar a sua provável candidata, Heloisa Helena, apoiado pelo PSTU e, é claro, o eterno candidato da Causa Operária.

No PSDB, tudo indica que o candidato a Presidente da República será mesmo o Governador de São Paulo, José Serra. Nesse sentido, a orientação do partido é encontrar uma saída honrosa para o Governador Mineiro Aécio Neves, também pré-candidato ao Governo Federal pelo PSDB. Essa saída honrosa, que está sendo articulada, será a realização de prévias eleitorais, mais ou menos nos moldes das realizadas pelo PT, mas desde que tenham, a principio, assegurada internamente vitória da indicação de José Serra como o candidato do projeto conservador. Não podemos desconsiderar que essas duas candidaturas ao Governo Federal pelo PSDB tem criado bastante atritos interno nesse partido ao ponto de na reunião da Bancada Federal, para a escolha do seu líder na Câmara, ter-se configurado um bloco de 19 Deputados, nitidamente pró-Aécio Neves, que se articulam como uma tendência dissidente da Bancada, não reconhecendo, por isso, o líder do Partido.
Ao manter as condicionantes econômicas acima apontadas e a alta popularidade do governo Lula, o mais provável é que tenhamos como principal aliado o PMDB com alguns Estados não fazendo palanques com a Frente Democrática-Popular.

As eleições de 2010 no Rio de Janeiro


No Estado do Rio de janeiro, estamos observando no interior do Partido e na grande imprensa, uma discussão envolvendo algumas lideranças do PT acerca do processo de sucessão ao Governo Estadual em 2010. Em nossa opinião, é um debate importante, porém da maneira que vem sendo apresentado, desfocado e equivocado.
É possível o PT lançar candidatura própria ao Governo Estadual em 2010? A resposta a essa pergunta nos remete ao principal desafio colocado para o nosso partido nesse processo e já analisado acima: a construção de um amplo leque de alianças partidárias de sustentação da candidatura do PT à sucessão do Presidente Lula, tendo como núcleo principal o PMDB.

A movimentação do presidente Lula em atrair o PMDB para essa aliança nacional, encabeçada pelo PT, provavelmente com o nome da ministra Dilma Rousseff, é pública e está, até mesmo, incomodando a oposição que também começa a se movimentar no sentido de atrair setores da base parlamentar do governo, como se viu nas eleições das mesas da Câmara e do Senado. Mesmo reconhecendo as diferenciações regionais desse partido, a presença formal do PMDB numa aliança com o PT, estabiliza uma candidatura, e com o apoio do presidente, torna-á competitiva.

Como o apoio do PMDB somente ocorrerá com as condicionantes descritas acima, ou seja, crescimento econômico e popularidade alta de Lula, mesmo assim uma boa parte do Partido apoiará José Serra. Nessas circunstancia, a “costura” dessa aliança passará pelas lideranças do PMDB que mais se aproximaram de Lula no último período, e neste particular, o Governador Sergio Cabral é um dos principais interlocutores do Partido.

Se considerarmos ainda que o PT integra formalmente o Governo Estadual do Rio de Janeiro, não há coerência no lançamento de uma candidatura do Partido nesse momento. Não ajuda na resolução da questão nacional e não dialoga, de forma conseqüente, com sua condição de Partido integrante do Governo Estadual.

Portanto, o lançamento de um nome do PT para a disputa do Governo Estadual, nesse momento, só encontra justificativa em duas situações simultâneas: primeira, a definição de uma tática eleitoral regional desvinculada de um projeto nacional; segunda, a ruptura com o governo estadual, já. Não parece que estas duas situações já estejam colocadas.

Em resumo, esta questão será tratada no seu devido tempo, e seu sentido e fórum decisório estão definidos. O sentido é o fortalecimento da candidatura do PT à Presidência da República, o fórum, o IV Congresso Nacional do PT em março de 2010. Daqui a um ano o PT nacionalmente se reunirá para definir o nome da sua candidatura à Presidência, a política de alianças e a tática eleitoral nos Estados. Os Congressos Estaduais do Partido se darão após esse evento e estarão submetidos às decisões definidas nacionalmente. Neste momento ficará claro se haverá aliança nacional com o PMDB. Caso ela se confirme, o PT/RJ apoiará a reeleição do governador Sergio Cabral, ao contrário, o PT precisará lançar um nome competitivo para essa disputa.

Por essas razões é que sustentamos que somente na hipótese do PMDB não apoiar a candidatura à presidência do PT é que surge, de forma natural, o nome do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria como possível candidato. Logo, é legítima a movimentação de dar visibilidade na mídia deste nome por militantes do PT, ao mesmo tempo em que se preserve a posição formal do partido. Entretanto, essa movimentação não pode ter um caráter de oposição ao Governo Sergio Cabral, do qual o PT participa, inclusive com militantes que estão à frente dessa movimentação. Junto a isso, numa eventual situação onde o partido precise apresentar uma candidatura própria, esta não se dará em aliança com Garotinho e Gabeira. O PT, neste caso, buscará alianças à esquerda.
Assim, podemos afirmar que não há uma polarização real entre duas políticas: apoio a Sergio Cabral x candidatura própria. Lindberg poderá ser o candidato a Governador do PT no caso de fracassar nacionalmente a aliança com o PMDB, e mesmo assim terá de superar os problemas com a bancada de vereadores do PT de sua cidade. Neste caso, poderá ser uma candidatura de consenso do PT. Entretanto, queremos deixar bem claro que, neste momento, a nossa política central para o Estado do Rio de Janeiro será manter a aliança construída em 2006 com o Governo de Sergio Cabral.

A chapa para o Senado, o PT/RJ não necessariamente estará em aliança com o PMDB de Sergio Cabral. E não há nenhuma contradição nisso. O candidato do PMDB ao Senado deverá ser Picciani sendo a outra vaga, provavelmente, de algum outro partido aliado à direita. Além disso, não podemos esquecer o nosso acordo com a Benedita da Silva de reservar à primeira vaga para ela concorrer ao Senado. Portanto, necessariamente, por acordo, teremos de ter um candidato ao Senado, sozinhos ou em aliança. Se lançarmos sozinho chapa majoritária ao Senado, o PT, neste caso terá dois candidatos podendo ser, o outro nome, o de Lindberg Farias.

A nossa nominata de candidatos a Deputados Estadual e Federal do Estado do Rio de Janeiro deverá ser a mais ampla possível sem alianças proporcionais com outros partidos. Já a lista dos candidatos do Movimento Mensagem deverá ser acompanhada pela coordenação regional no sentido de o Movimento Mensagem começar a criar identificação própria e não nos dispersarmos em um grande número de candidatos sem chances de serem eleitos, como fizemos em 2008 nas eleições para vereadores no município do Rio de Janeiro e não conseguimos eleger nenhum vereador.

O Movimento Mensagem deverá lançar chapa própria no PED, inclusive para Presidente Nacional do PT com o deputado Federal José Eduardo Cardoso encabeçando a chapa. Entretanto, existe a possibilidade de ser “costurado” um nome com CNB, apoiado por nos, que tenha simpatia por nossas posições. O mais provável, no entanto, é que lancemos o nome de José Eduardo Cardoso.

Em nível Estadual o Movimento Mensagem deverá, em princípio, lançar nome a Presidente Estadual do PT. Entretanto, para viabilizar uma candidatura com condições de vitória, poderemos construir uma candidatura de consenso ou de ampla maioria, não necessariamente do nosso campo, que tenha como compromisso político o respeito ao Estatuto do PT e suas instâncias interna e que não tenha relações sectária com a nossa corrente.

Em nível dos Municípios do interior do Estado o Movimento Mensagem deverá, a medida do possível, buscar mediar alianças com os setores mais próximos e onde formos a maior força ou a que representa melhor essa aliança lançarmos candidatos a Presidente desses Diretórios. No entanto, não podemos perder de vista a importância de como melhor estarmos representado nesses diretórios e, principalmente, em suas executivas. Ser o Presidente não é tudo, embora seja muito importante.

A cidade do Rio de Janeiro, o maior município do Estado, além de ser a sua Capital, se destaca em um texto como este. Aqui na Capital, dado a situação atual no Diretório Municipal, de boas relações internas, principalmente com o atual Presidente, deveremos afirmar que iremos apoiar o lançamento de um candidato afinado com as nossas posições desde que configure ampla maioria, podendo esse candidato ser do nosso campo ou não.

No PT: Virar à esquerda! Reatar com o Socialismo!


O Diretório Nacional do PT convocou o PED (Processo de Eleições Diretas) das instâncias partidárias para 22 de novembro de 2009. Neste dia serão eleitas as direções zonais, municipais, estaduais e nacional do PT. Nesta mesma data os filiados do PT também elegerão os delegados para o 4º Congresso do PT. O principal ponto da pauta do Congresso nacional - e dos estaduais - será a definição do Programa de Governo para as eleições de 2010 e as respectivas candidaturas.
Com objetivo de abrir a discussão com todos os companheiros do partido apresentamos uma proposta de reorientação do partido como base para uma Tese para o PED e ao 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores.

Virar à esquerda!

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